Maranhense ferido na guerra da Ucrânia contra a Rússia busca voltar ao Brasil, afirma mãe
Rafael Paixão se voluntariou para servir como soldado na guerra, mas recentemente perdeu parte da perna ao pisar em uma mina terrestre. Maranhense recrutado pe...

Rafael Paixão se voluntariou para servir como soldado na guerra, mas recentemente perdeu parte da perna ao pisar em uma mina terrestre. Maranhense recrutado pelo exército ucraniano tem perna amputada A família de Rafael Paixão, de 29 anos, afirma que está tentando trazer o brasileiro de volta ao Brasil, mas está esbarrando na burocracia de uma base militar na Ucrânia, onde ele se voluntariou como soldado na guerra contra a Rússia e perdeu o pé esquerdo ao pisar em uma mina terrestre. 📲 Clique aqui e siga o perfil do g1 Maranhão no Instagram A mãe do combatente, que reside em Imperatriz, no Maranhão, afirmou que o maior desejo do filho também é retornar ao Brasil, o que já estava nos planos dele antes mesmo do incidente. “Já estava tudo certo [para ele voltar ao Brasil]. Ele ia quebrar o contrato da missão e vir embora, independente do que aconteceu. O plano era ele ficar de três a dez dias nessa missão e retornar”, contou a mãe, Neila Paixão, ao g1. Neila Paixão diz que o filho que se voluntariou pra guerrear na Ucrância quer muito voltar ao Brasil Reprodução/Redes Sociais Rafael já está há cerca de um mês na missão e chegou ficar incomunicável por mais de 20 dias, o que levou a boatos e fake news sobre sua morte. A informação foi desmentida pelo próprio Rafael, em chamada à família no dia 28 de junho. Atualmente, Rafael está internado em um hospital militar na base de guerra em Kiev, onde passou por cirurgia devido ao impacto da mina terrestre que o fez perder parte da perna, na região abaixo do joelho. A família busca apoio para viabilizar a repatriação do brasileiro, que ainda precisa passar por trâmites legais, como a regularização de documentação e a autorização para deixar a base militar onde está internado. “Estamos contando com o apoio de alguns militares que estão lá com ele. Pensamos até em mandar alguém da família, mas tudo depende de ajuda. Ainda não sei como vai ser. A ficha ainda nem caiu direito pra gente”, disse Neila. A mãe relatou que, inicialmente, entrou em contato com o Itamaraty, mas ainda não houve movimentações oficiais após a reaparição do filho. Ela diz ter sido informada de que há possibilidade de apoio por parte do governo brasileiro, mas aguarda orientações mais concretas. “Depois que ele voltou a falar com a gente, não procurei mais o Itamaraty, mas disseram que podem ajudar. A gente precisa de apoio, sim. Lá ele ainda vai ter que ficar um tempo, mas não sei se são 30 ou 40 dias”, relatou. Rafael se alistou na guerra por influencia de amigos A mãe de Raphael relatou o momento em que soube do acidente e o desespero da família Reprodução/Redes Sociais Antes de se alistar na guerra, Rafael cursava Direito em uma faculdade particular em Imperatriz. Em agosto de 2024, deixou os estudos e se mudou para a Holanda com a então namorada. Após o fim do relacionamento, decidiu se voluntariar no exército da Ucrânia, onde passou a integrar o 3º Batalhão de Brigada de Assalto. A mãe de Rafael conta que ele foi influenciado a se voluntariar pelos colegas que conheceu na Holanda e que acabou aceitando participar dessa missão. Enquanto esteve desaparecido, a família chegou a enviar e-mails ao governo da Ucrânia e tinha reuniões agendadas com autoridades brasileiras para tentar obter informações. Segundo a família, após informar que estava vivo, Rafael informou que havia pisado em uma mina-borboleta durante a missão. Ferido, ele precisou se arrastar por cerca de nove quilômetros até conseguir socorro. 🤔 O que são minas-borboleta? As minas-borboleta são um tipo de mina terrestre, caracterizadas por seu pequeno tamanho (cerca de 7 a 10 centímetros de largura) e formato que lembra uma hélice ou uma borboleta. As minas-borboleta são proibidas pela legislação internacional, pois podem ferir e matar civis indiscriminadamente. Conflito Ucrânia x Rússia Putin e Zelensky Sputnik/Mikhail Metzel/Pool via Reuters; Reuters/Alina Smutko Em fevereiro de 2022, o presidente russo Vladimir Putin, autorizou a invasão da Ucrânia a partir de uma ação militar no leste do país, onde ficam as regiões separatistas reconhecidas pelos russos como independentes. São elas Donetsk e Luhansk. Há mais de 8 anos, as relações entre Rússia e Ucrânia vêm se deteriorando. Ucranianos derrubaram o presidente pró-Rússia e setores pró-Ocidente chegaram o poder. De acordo com lideranças europeias, o ataque é um dos piores momentos da Europa em quase 80 anos, período da 2ª Guerra Mundial. A guerra tem causado milhares de mortes, milhões de refugiados e grande destruição. A Ucrânia tem recebido apoio militar, financeiro e humanitário de países do Ocidente, como os Estados Unidos, Reino Unido e União Europeia, enquanto a Rússia enfrenta sanções econômicas severas. LEIA TAMBÉM: Como a guerra da Ucrânia pode chegar ao fim em 2025 Rússia x Ucrânia: entenda as origens da tensão entre os dois países ‘Olhei para meu pé e vi que estava sem dedos’: as minas terrestres que fazem centenas de vítimas na Ucrânia Até hoje, o conflito continua sem uma resolução definitiva, com combates intensos principalmente no leste e sul da Ucrânia, e com tentativas diplomáticas ainda sem sucesso duradouro. De acordo com o Itamaraty, no início da guerra, em 2022, mais de 100 brasileiros se voluntariaram para lutar no exército ucraniano. Porém, atualmente, não há um número preciso de quantos brasileiros foram recrutados e estão nos campos de batalha.